Tudo bem não gostar de segunda-feira

Nos disseram que trabalho de verdade, pra valer mesmo, é aquele que você acorda às segundas sem dar bola para qualquer reclamação. Geralmente, você ouviu alguém dizer que a vocação é aquilo que você escolhe estudar na faculdade. E nada mais. Nada mais pode nos fazer sentir-se útil.

Não nos falam que você tem direito a se questionar em que lugar está colocando sua energia, seu tempo e sua disposição, e jamais se permite mudar radicalmente, não há espaço para readaptar suas habilidades, reaprender suas preferências, entender novamente sua prioridade e fazer outra coisa da sua vida no ponto que for dela. Você parece preso com aquela decisão.

Nos disseram que o trabalho certo é aquele que somos felizes quase que unanimemente, que seremos completamente alegres por ganhar bem para fazer só o que a gente ama e encontrar sentido naqueles minutos em que o chefe e colegas não conseguem nos acessar por completo.

Não nos falam que podemos sentir-se bem em situações constrangedoras, que precisamos do conflito, da desordem, da complicação para aprender a não carregar sozinho o peso de dar certo em tudo, que a gente pode crescer em tempos difíceis ou em dias conturbados.

Nos disseram que existe uma fórmula pronta para identificar o caminho certo na sua profissão, mas na verdade, a vida é um teste cego com tentativas e erros. Ora mais complicações, ora mais precisão.

Não nos disseram que é possível se sentir você mesmo ainda que não trabalhe com pessoas que pensem igual, que ajam igual, que funcionam igual. Não nos permitem dar o nome certo aos sentimentos complicados e não nos contam que temos que ter adaptabilidade previsível para preservar a relação.

Nos disseram que trabalho é obrigatoriamente um momento feliz e que se fizer tudo certinho e acertar sempre você vai romper a barreira de ter que se privar de tudo que quer para ter acesso a tudo que precisa para sorrir.

Não nos disseram que usar ternos não nos deixa mais importante, que trabalhar muitas horas não significa ter dinheiro, que trabalhar pouco não é conformidade, que não teremos sempre vagas sobrando na mesa da diretoria para quem é esforçado, não nos lembram que existe menos cadeiras do que bundas no topo.

Nos disseram que existe um jeito certo de ter um trabalho feliz e que a mesma fórmula serve para todos. Nos poupam da frustração, nos esconderam do medo, nos desviam da realidade. 

E nas segundas-feiras, você precisa lembrar que trabalhar é muito mais que gastar horas diante de coisas, e não apenas se submeter a defender o leite das crianças, mas descobrir seu jeito de tonar possível fazer as coisas com integridade, verdade e qualidade, mas principalmente viver o contentamento simples de agradecer pelo que fez até aqui, sem arrumar desculpas para se iludir.

Tudo bem odiar segundas-feiras. Apenas não se odeie por odiar suas escolhas. Odeie fingir sentido. Odeie nunca mudar nada.

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