A verdade é que ainda não achamos um conceito completo e unânime para definir um empreendedor.
Embora, de modo geral, a administração ainda fale mais sobre o conceito ligado a gestão de organizações, popularmente, o empreendedorismo passou a ter um conceito diferente, mais ligado a pessoas isoladas que fazem acontecer. No entanto, uma uma coisa pode afirmar:
Empreendedores são pessoas que têm a necessidade de realizar coisas novas sempre.
Eu gosto de pensar que existem, pelo menos, dois tipos de pessoas: A primeira é uma minoria que ao se ver diante de um desafio, vê uma oportunidade e torna-se disposta a empenhar esforço e dedicação para enfrentar, a outra é a grande maioria que não está atenta a isso e não tem a cabeça inserida no espírito disruptivo.
Por causa disso, acredito que empreender tem a ver com esse primeiro tipo de pessoa. São aquelas que possuem a necessidade de fazer acontecer e acabam se destacando independente da atividade que está, porque é viciada em fazer acontecer.
Você reconhece uma atitude empreendedora naquele que aprendeu a detectar uma novidade, criar meios de aproveitá-la e mesmo diante dos riscos econômicos e empresariais, ser capaz de ler e suavizar possíveis impactos. Por isso, que empreender não pode ser restrito apenas a grandes negócios bilionários.
No meio de um momento de boom de novos empreendedores, talvez a grande pergunta que devemos nos fazer é: Que tipo de impacto e importância a minha iniciativa empreendedora causa? É, aí, que está o valor da coisa toda.
Em todas as feiras de investimento encontramos pessoas que criaram um aplicativo bacana, mas não pensaram na concorrência, que desenvolveram um produto novo, mas é facilmente copiável, que tiveram uma ideia inovadora, mas nada comercializável. Este cenário é bastante comum.
O fato é que empreender tem a ver com o poder de uma ideia e não somente com oportunidades e investimentos. Quando você for empreender, é preciso pensar não somente em atingir uma rentabilidade, mas iniciar a ideia a partir de um monte de perguntas como:
A sua ideia enfrenta um problema relevante, frequente e mal resolvido?
Seu modo diferenciado de resolver o problema traz viabilidade e facilidade?
O quanto sua ideia possui um modelo de negócio consistente?
Caso algo saia fora do controle, você tem plano B elaborado?
A ideia pode ter resultado econômico para mais alguém além de você?
Seu empreendimento conectar e engajar pessoas?
O quão urgente é sua ideia para as pessoas?
O caráter inovador da sua ideia é clara e facilmente detectável?
O quanto se importa com o design da sua entrega?
Existe uma maneira de entregar produtividade com sua ideia?
Você se preocupa com a propriedade intelectual?
A paixão pela ideia atrapalha seu negócio com ele?
Sua ideia é inovadora de verdade ou só inédita?
O quanto a sustentabilidade tem sido levada em conta?
Seus investimentos em serviços digitais são realmente satisfatórios?
Cada pergunta que nos surge não deve nos jogar para o desânimo, mas nos dar condição de criar novas oportunidades diante das dificuldades.
Lembre-se: O empreendedor tem que ter uma habilidade ímpar e constante de enxergar recursos, realocar esforços que não estejam sendo devidamente explorados e antecipar oportunidade que ainda ninguém viu.
Eu gosto de conhecer a vida de empreendedores que fizeram algo grandioso. Sempre bom nos inspirarmos em gente que realizou coisas importantes. Agora, confesso que ando bastante perturbado como a internet potencializou o surgimento de figuras virtuais emblemáticas e personalidades antes desconhecidas como experts em fazer dinheiro.
Este cenário é comum no marketing digital, por exemplo. Mas, como isso dá tão certo? Alguém nos fez crer que todo mundo que empreende virtualmente tem sucesso, alcança a felicidade e pode ser muito admirado.
A princípio, acho que é culpa de uma cultura da ganância e das necessidades econômicas. Explico. Neste contexto do culto à ganância - ou seja, alguém querendo sempre ser e ter mais que o outro - e as crescentes necessidade econômicas do nosso país - viver criando alternativas para a situação financeira precária - sempre há espaço para um ninho de trapaceiros.
Aquela famosa ideia que o mundo está dividido entre os chefes e os empregados deu origem a diversos tipos de empreendedorismo. Aquele do senso comum, que se vende como "um sucesso rápido e repentino", que é sustentado em teoria esdrúxulas, fruto de uma picaretagem intelectual - talvez a maior dos últimos cinquenta anos - e o outro bastante mal explorado que é feito num caminho mais pedregoso, mas que torna-se mais concreto e verídico com o tempo.
O Brasil sabe o que é um empreendedorismo real ou se contenta com um aparente?
O empreendedorismo de palco é uma das mais espertas ciladas de todas já pensadas uma vez que ele faz crer que através dos pequenos truques mentais e metodologias mágicas toda pessoa pode ingressar em negócios de sucesso. No entanto, na realidade, empreender continua sendo o maior desafio que alguém pode enfrentar na sua vida.
Como é nada lucrativo abrir mão de inverdades ou meias-realidades, o empreendedor teatral tem que estrategicamente disfarçar seus truques fazendo com que, de vez em quando, o seu público pense ter uma certa vantagem diante dos demais seres humanos. Este truque é a isca predileta.
Algumas perguntas tenho me feito:
Seria o empreendedor de palco a forma mais moderna e completa de engano? Por que nós gostamos de acreditar em fórmulas mágicas de ganhar dinheiro? Seria este tipo de fraude a prisão mais preciosa que conseguimos emplacar na mente dos brasileiros?
Podemos responder essas perguntas esclarecendo que o empreendedorismo real está ligado com causas efetivas, com vivências mais precisas de realidade, com objetivos de mercado mais sólidos, com experiências plenamente palpáveis. Ele foi feito em repostas a vida inconstante, uma espécie de combate contínuo aos obstáculos, uma luta corajosa diante da contrariedade,como uma guerras aos contratempos. Nada é fácil!
Todo bom empreendedor demonstrou-se disposto a realizar um avanço em direção das necessidades, enfrentou um choque frente as contingências. Fez e continua fazendo seu caminho na busca de sentido, procurando diariamente escrever seu um roteiro imprevisível. Não existe empreendedorismo light, prático e rápido.
Empreendedor raiz X empreendedor Nutella
O "empreendedor de raiz" como diz a brincadeira, é alguém que está tentando arrancar sentido das pedras, que se não nasceu com oportunidade vai atrás dela, sem desconsiderar que, às vezes, não terá o direito de criar atalhos, de desviar de insucessos, de driblar a infelicidade e o desânimo porque sabe que por mais que ande muitas milhas, o revés corre atrás como ninguém daqueles que ousam tentar.
Já este empreendedorismo de palco se desenvolve a partir de uma tendência incontrolável de dizer que seus seguidores são pessoas extraordinárias que farão sucesso. E qual a razão? Se for diferente disso, os brasileiros não compram produtos ou escolhem outras pessoas para serem seus mentores. É fácil detectar um desses exploradores. Note a independência constante que ele cria em que o consome e a necessidade fortíssima de certo bajulamento da sua base para que ela o devolva em lucro, status ou admiração.
Eu acho que temos vivido um grande sistema de enganação e vendendo a mágica do sucesso. É necessário um jogo de cintura, uma percepção aflorada para lidar com o empreendedorismo concreto sem transformá-lo em um monstro de enganar pessoas ou um deus intocável da perfeição.
O que faz de um empreendedor alguém realmente de sucesso?
Existe sim um empreendedorismo verdadeiro que nos faz superar a virtualidade, que corre atrás de uma visão de sucesso, que faz gente caminhar de verdade na inovação. Um bom empreendimento é formado pelos tropeços e não pelos atalhos. Não percamos isso de vista nunca.
O que é mais impressionante no empreendedorismo não é a sua faceta de glamour, mas sim a sua vitalidade orgânica, ou seja, a sua capacidade de realizar enquanto se aprende.
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