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O valor mental que custa ter um sonho

Quem sonha carrega dentro de si uma esperança teimosa. Insistente no que não há mais o que acreditar. Todo mundo tem dentro de si uma voz-guia que quer sair do cárcere, mas não importa quanto ela esperneie dentro da gente, é sempre arrancada dela a possibilidade de falar.

Como uma criança chorona e birrenta, o sonhador dorme no canto do quarto de tanto se debater. Vencido pela insignificância de quem não pode ser visto. É penalizado pelo castigo de ter uma obsessão.

Despeja na pia um litro inteiro de qualquer coragem. Em água corrente, desperdiça a valentia que se mistura na inconstante liquidez do que ainda não existe. Assiste o anseio ir embora num anonimato de quem nunca existiu. Fraqueja e deixa os enrolados tapetes das etiquetas acabar consigo. Deixa um ruína lacunar lhe arregalar os olhos.

Como um pai severo, deixa o ânimo se divertir um pouco nos melhores dias, em que se distrai da evidente e robusta marca do cansaço. Implora para que a fadiga não fique parada na frente, impedindo-o de sentir um pouco do som do lado de lá.

Depois, coloca cada pedaço da própria petulância de volta em seu lugar. Canta um pouco, mesmo rouco. Assovia para ter lá dentro um pouco de vida. E num pacto secreto com sua alma, combina que é isso que um homem tem de fazer. Não deixa a vida ser esmagada pelas frias constatações.

Fica atento para qualquer caminho. Ainda há luz. Pode não ser muito, mas clareia a escuridão. Vagarosamente, ela oferece oportunidades de ver a si mesmo. Reconhece e agarra-se. Desarmado, luta do próprio punho para vencer a morte durante a própria vida.

E quanto mais anda em direção de um sonho mais aprende a fazer disso um caminhar calmo. Um soco em câmera lenta surge. Enquanto ela ainda é sua, aproveita a vida. Recolhe os ossos inconsumíveis e coloca na mente, às vezes, um alento para sua alma. Não faz mal blasfemar, mas contra a parede ninguém é totalmente são.

Rasteja-se para dentro do que realmente o protege enquanto lá fora não tem calmaria. Faz do leito, um confessionário à céu aberto. Dorme sobre a sua própria carne cobrindo os olhos do espelho ao lado, mas ao levantar pela manhã, tem o brio de reparar cada detalhes da sua alma.

Não está amarrado ao destino. A chance de escolher é sua fatalidade. Ninguém nunca encontra, na primeira oportunidade, um par ideal par sua aventura. Vasculha as lixeiras atrás de reciclar o que ainda dá. Procura nos hospícios qualquer razão, e nas sepulturas, qualquer lição.

Frequenta-se. Nada mais indicado que tomar um chá consigo. Se não sair de si entre uma bicada e outra do copo, pega uma colher e mexe até dissolver o resto do açúcar no fundo. Nem tudo precisa ser insosso.

Acalma o traseiro no assento enquanto todo mundo corre. E a menos que te perguntem, finge loucura. Cai no mais absoluto cinismo. Ouve o coração, mas nem tanto. Fuça na sua cabeça atrás de aparar arestas. Nunca. Nunca traiu sua boca. Deixa suas entranhas retorcerem.

Procura palavras, mas não confia nas primeiras ideias. Se o dinheiro vier lhe assombrar, manda ele ir à merda. Rascunha novas direções todo dia. Não copia. Reescreve. Cada parágrafo. Outra. Outra vez. Mesmo que dê trabalho.

Se tem que esperar algo acontecer, trai a voz do mundo. Pacientemente, sai gritando ciente de que a loucura é seu novo selo. Ignora o primeiro amor para amar. Desdenha das más experiências. Nunca consulta seus pais, se não está preparado.

Não é como todos. Não acompanha os milhares que se consideram qualquer coisa importante. Vira chato com quem lhe aborrece. É invariavelmente pedante com quem se acostuma com a auto-devoção. Esconde-se em algum lugar. De preferência na biblioteca.

Não dispara mísseis em direção de inocentes, sobre nenhuma hipótese cria uma guerra, mas não esconde o arsenal. Deixa-o como enfeite. Porque a obsessão o levará a loucura. Não faz nada, a menos que tenha uma varanda para deixar o sol entrar e queimar as suas involuntariedades.

Quando pensa na altura que quer estar, é arrogante. E faz da mesquinharia um esporte escolhido. Não acredita em nenhum elogio para que não morra em si. Nunca aplaude um discurso sobre si próprio. É ferrenho contra si.

E durante os piores momentos, mantém um bem-estar suficiente para contentar-se com quem quer que esteja diante de si. Visita um psiquiatra só para contestá-lo de vez em quando. Omite-se do mundo, mas nunca do seu confidente.

Desiste da fábrica de paranoias que alimenta. Arruma brigas proporcionais às ressacas. Está ocupado com o que vale a pena. Dorme no tapete como quem é vencido pelo cansativo modo de aprender. Esqueça este monte de coisa nenhuma que todos valorizam.

O custo mental de um sonhador é saber que é muito fácil parecer idiota tentando ser alguém que não se é. Por isso, tenha um resto de honestidade interior que não o obrigue a fingir que é aquilo que não é. Se você é um sonhador, saia logo dessa merda de lugar e vá. Seja quantos fracassos precisar ser. Tenha consistência.

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