ano novo

Caraio, já é dois mil e vinte, bicho?

Prometa não prometer. Assim que a fagulha do ano acender na sua mente, quando acabar o espumante, quando a roupa branca tiver marcada, quando os abraços fraternais terminarem, pense sobre você. Tire esse tempo tão seu.

Tenha a coragem de olhar para trás, mas não como se tivesse somente perdido oportunidades. Pense nas inúmeras mudanças que este ano causou em você. Anote, se possível. Memorize o máximo que conseguir suas experiências ruins para que não perca o aprendizado, e as boas para que não perca a esperança.

Entenda que não há muita coisa a fazer com o ano velho, e a respeito do novo, é melhor deixar as coisas acontecerem primeiro, antes de criar qualquer expectativa vindoura.

Não há o que esconder. O ponteiro da meia-noite é um placebo para alma cansada. Seu próximo ano não será perfeito. Apesar disso, é totalmente natural construir alguns planos viáveis para que sua vida tornar-se mais alegre.

Agora que o próximo ano chegou, podemos pedir uma licença ao mundo para tentar deixar as antigas ideias para trás. Entre neste ano ignorando a ideia boboca de que temos direito a qualquer coisa na vida. Apenas considere aquilo que seja um aceno real da vida, que seja feito diante de um trabalho, que seja sensitivo ao amor.

Faça um trabalho verdadeiro de limpar-se. Gaste tempo tentando consertar rompimentos inúteis, anulando da sua vida as mágoas antigas, fazendo questão de deixar as lembranças negativas exatamente onde elas pertencem. Vasculhe verdadeiramente a si próprio e valorize as lições fundamentais que aprenderam.

Não fuja dos erros convencionais para se autoproteger do sofrimento. Não esconda-se atrás do medo do novo. Perdoe a si mesmo porque sim, esta é a hora. Trabalhe de braços dados com o seu futuro.

Abandone sem medo as pessoas que são superficiais. Gaste tempo da sua semana com amizades e relacionamentos significativos, mas não esqueça de buscar outras pessoas que tenham substâncias a mais para acrescentar.

Coloque sua cabeça no lugar. Faça terapia. Não tenha medo de conhecer-se no meio do seu próprio inferno. Ao mesmo tempo, equilibre-se na prática. Não deixe de ter a cabeça aérea quando precisar e de ser raso quando exigirem.

Controle melhor seu tempo diante de bobeiras. Use o celular, mas não deixe ser usado por ele. Assista menos notícias. Consuma menos conteúdo de autoajuda. Coma bem, mas nem tanto. Assista mais filmes, leia mais livros, mas não tenha medo de abandonar no meio se não tiver gostando.

Mande à merda aquelas pessoas que te maltrataram ou usam você pra seu próprio benefício. Ignore sem piedade as que mentem para você. Fique longe dos maus hábitos viciantes e das pessoas que te impedem de ser mais saudável em tudo. Tenha amigos que te torne mais forte sem mentir para ti.

Beba sempre que quiser. Desde que a bebida não seja sua única diversão. Não seja dominado pela ideia de que para se divertir você tem que ficar bêbado. Rasgue do seu dicionário sua definição esdrúxula de sucesso. Esqueça a ideia de que você é a sua carreira e torne-se alguém novo mais significativo pro mundo.

Fique com medo da mudança, mas não das críticas e do julgamento de outras pessoas. Desfoque seus objetivos de coisas materiais e aprenda mais sobre suas próprias ideias.

Não se preocupe com o status de mídia social. No fundo, ninguém se interessa por você por ali. Ignore o número de likes, os comentários e os seguidores que você tem. Isso é só perfumaria pro ego falido.

Desligue o celular no show da sua banda predileta, isole ele no jantar com os amigos, esqueça-o no happy hour da empresa. Aliás, nunca fale de trabalho na mesa do bar. Vá ao cinema sem saber o que vai passar.

Ligue o foda-se para quem só sabe promover joguinhos psicológicos no amor. Não se importe com qualquer pessoa que não seja autêntica.

Doe suas roupas velhas pra alguém, ajude mas não dê esmola provisória, mude um hábito por vez, comporte-se sempre exatamente como achar que é melhor pra ti e para os outros.

Atire da janela sua ideia de que você precisa ter tudo planejado. Elimine os quilos a mais da consciência pesada. Use a moda para sentir confortável e não apenas para ser mais aceito.

Esqueça essa mentalidade de desistir. Se não é fácil, faça mais vezes. Seja adulto e abrace a realidade de que tudo o que vale a pena vem um trabalho duro. Não corra atrás de mais trabalho do que precisa, nem de um romance que você mesmo idealizou.

Pare de acreditar nas legendas clichês de Instagram. Não acredite em frases de efeitos de gurus. Pare de comprar milagres. Ande com suas próprias pernas.

Por fim, pare de acreditar em destino, lei da atração, karma, misticismo ou qualquer merda que te faça perder a dimensão que você é responsável pela sua vida. Acorde todo dia brigando com o despertador, mas decidindo fazer do seu dia melhor. Crie o hábito de reconhecer suas falhas toda noite.

Tome atitudes como se tudo dependesse de você e faça uma prece a sei lá no que acredite, como se tudo dependesse dele. Para de falar mais do que deveria, de pensar mais do que precisava, cresça emocionalmente e seja melhor no que puder.

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O que não te contam sobre a esperança para o próximo ano

A mesa de happy hour pirateia inúmeros diplomas provisórios de filósofos. Há intelectualidade no fundo de um copo. Não é a toa que este é um cenário comum nos meus textos. O happy hour é o lugar das perguntas. E, igualmente, das respostas mais intrigantes.

Dessa vez, depois de comentarmos como o ano foi bastante turbulento, o questionamento que circulava na mesa era a respeito do que cada um esperava do ano que está entrando. Deixei que falassem primeiro. Fiquei focado em ouvir enquanto pincelava um petisco com a ponta do meus dedos.

Ouvi disciplinarmente as respostas. Eram desde bobagens abstracionistas como “Queria mais paz, mais amor, mais compreensão, mais tolerância entre as pessoas…” até o mais concreto egoísmo do “Quero conquistar <insira aqui um elemento que expressa qualquer sinal de poder, status e dinheiro>”.

Mantive o silêncio intencional. Um amigo, que muito me conhece, provocou: “Vai lá! Diz aí, Mu. Sua vez”. Terminei minha cerveja num gole único e respondi de prontidão: “Nada. Absolutamente nada”.

Entreolham-se com desconfiança como quem esperava mais. “Mas, nadica de nada? Nem um “desejinho” sequer?”, retrucou a garota. Enfatizei: “Nenhum”. O garoto de cenho franzido insistiu: “Mas, não é até meio trágico não ter esperanças de nada?”

Cuidadosamente, repliquei: “Precisamos definir melhor o que é esperança.”

Ele arriscou: “Bem, acho que é você ter planos para o futuro, ter um olhar positivo e esperar que eles aconteçam.”

Enchi o copo e desembuchei: “Acho que olhar para a vida com essa arrogância preditiva, usando uma linguagem positiva e voltada pra si é que está deixando a gente doente da cabeça.

Fiz um pausa para garantir que tinham entendido, molhei os lábios e prossegui:

“A esperança é vital para a existência, claro. Mas, os desejos, estes, estão em outra prateleira da vida. Ela normalmente não está num lugar alcançável, e adivinhem, não estou afim de ficar na ponta do pé procurando por ela. A esperança faz a gente andar, para onde? Quem é que sabe dizer?”.

Quiseram, então saber, qual era a minha esperança para o ano seguinte. Assumi: “Minha única esperança para o próximo ano, é que ele me mude de alguma forma. Que me coloque em movimento, que não poupe de nada e que me surpreenda no imprevisível. Porque a esperança, amigos, não usa das circunstâncias, favoráveis ou desfavoráveis, para existir.”

O ceticismo evidente do mundo

A desconfiança de que a felicidade — seja lá qual for a definição que você assuma para ela — tenha se tornado apenas uma realidade com dimensão totalmente impalpável é realmente uma das percepções desse tempo.

A grande questão do momento é compreender as razões pelas quais a dúvida sobre o alcance de um possível bem-estar está nos levando para um caminho da descrença absoluta e de desconfiança contínua da realidade possível.

Mesmo com este cenário aparentemente desastroso, uma teimosa confiança instintiva em uma expectativa de possibilidade melhorada é, talvez, uma das forças mais fundamentais que sustentam a existência.

Não estou falando de esperança a partir de uma conotação religiosa, mas sim de encontrar uma legítima estrada para trafegar com as nossas crenças-guias como possibilidade do exercício do bem, como oportunidade para revogar a viabilidade da indiferença e fincamos estacas em um terreno absolutamente fértil para não perder-se de si.

A descoberta de si carrega no ser humano a responsabilidade por entender-se como agente causador de certas desordens, mas o encoraja a olhar para o mundo e não distanciar-se dele, mas fazer a escolha consciente de lidar com aquilo que está no seu governo de maneira sensata e de educar-se a asfaltar o caminho pedregoso da inconstância da vida.

Em tempos nos quais o otimismo é o caminho mais fácil — e até, por vezes, glamouroso e rentável — encontramos no percurso contrário do pensamento, uma ideia de que a esperança se desenvolve em um autêntico e marginal ponto de partida:

Da vida, não se pode esperar nada. Exceto o imponderável.

Esperança no banco do réus

Entendo que não custa sonhar com uma vida em que tivéssemos mais coragem de continuar amando profundamente tudo aquilo que o mundo nos ofereceu, mas não sendo assim, diante das falhas, possamos insistir no que realizável.

Penso que seria melhor ignorar a realidade, e perceber uma geração de pessoas que não imploram por atenção num desespero de tentar ser alguém a todo custo, mas que numa sociedade da aparência, possa amar no âmbito privado sem clausulas abusivas e apostar nas pequenas conexões genuínas.

Sinto que seria fundamental que tivéssemos a coragem de defender ideias sem que precisasse considerar um julgamento prévio do outro ou que pudêssemos realmente nos abrir honestamente sobre os sentimentos que nos tomam a mente, mas diante de um cenário diferente, podemos encontrar pequenos lugares de repouso e refúgio para repensar em quem confiar.

Gostaria que apreciássemos tudo o que somos sem ofuscar-se da realidade mais grotesca, sem insistir na tentativa ingrata de demonstrar um falso interesse pelo outro, mas mediante a esse desafio, insisto na coragem de permitir a boca ser um tradutor direto do coração.

Seria maravilhoso acreditar que o bem ainda existe, as pessoas amam-se do jeito que são, que existe verão interminável, que todo mundo realmente quer o bem do outro, de si e do mundo, mas tendo um olhar cuidadoso, podemos optar por lutar pela conexão verdadeira nos pequenos vilarejos de convivência.

Um pouco de esperança para um mundo ruim

O que não tem contam sobre a esperança é que ela nos dá a coragem de ir mais fundo, nos dá o luxo de não contentar-se com a superfície da sua vida, mesmo que seja mais fácil ou mais conveniente.

É a falta de esperança que deixa este mundo com um coração desgastado, machucado por amar, ferido pelo sentir, com a sensação de incapacidade mediante qualquer coisa.

Faça o trabalho duro de não descreditar da esperança, para que tenha juízo de sentar com seus demônios e tomar uma café olhando de frente para eles sem sentir medo, para que não deixar-se de cutucar e escolher curar o que precisa.

Espero que não perca a esperança de vista, para que num futuro, mesmo que tudo pareça não ser do jeito que você pensava ser, que tenha a coragem de mudar e confiar na pessoa que está se tornando.

Há esperança para seu ano, há esperança para todas as merdas que aconteceram, há esperança para tudo que foi perdido temporariamente. Há esperança, inclusive para você.

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