Pior do que aquilo que te mata é o que te faz querer morrer

Uma vida inteira não vivida é pior do que morrer. Esta sempre foi uma das coisas que o ser humano mais tem medo: Uma existência sem significado. A coisa se agravou mais ainda desde que ganhamos a nossa capacidade de pensar e organizar ideias.

Tomamos a consciência da nossa finitude e ganhamos o vício de pensar a que viemos neste mundo. A morte seria, portanto, um elemento didático, e por sua vez, teria o compromisso professoral de nos ensinar sobre viver.

Sim, o fim da vida fala mais sobre como manter-se vivo com qualidade do que a gente imagina. Para quem está vivo, a morte é apenas a lembrança constante da irreverente importância da vida.

Ao percebemos que não temos força contra o fim, passamos a construir questionamentos sobre a razão pela qual a vida tem que fazer algum sentido. É, a vida tem que obrigatoriamente fazer algum sentido.

Esta dimensão nos foi dada como um presente que não se recusa. Pensar sobre como estamos vivendo, nos dá uma vantagem sobre toda existência.

Pode ate parecer um pouco sombrio falar sobre o fim de tudo, mas, na realidade, ponderar sobre a vida é trazer uma pouco de sobriedade para nossa embriagada autopercepção existencial.

O dever de pensar sobre o que é o sentido da vida

Há uma certa elegância filosófica em interpelar a razão da vida, mas a verdade é que não há absolutamente nenhuma resposta totalmente assertiva e que compreenda todo o perímetro da vida de alguém.

Sendo assim, gosto de pensar, não em “um sentido para vida”, mas em sentidos. Sim, no plural. A ideia da vida como o cumprimento de uma missão é mais que romântica, é patética. Os significados da vida podem ser encontrados, inclusive, durante a sua recorrência progressiva.

Alguém pode simplesmente sentir-se totalmente realizado apenas com um desejo feito enquanto outro pode essencialmente ter as mesmas escolhas e não sentir-se satisfeito.

Os sentidos da vida são, portanto, não só plural, mas exclusivamente pessoais. Mais do que isso. Se o caro leitor me permite fincar exageros nestas linhas, os sentidos da vida são intransferíveis. Assim sendo, trazem consigo uma responsabilidade de ser encontrado apenas e tão somente por aquele indivíduo que os porta.

Posto tudo isso bem na sua frente, fica evidente que encontrar os sentidos da vida pode lhe causar uma sensação estranha e até mesmo inocente de que não enxergamos com clareza.

A explicação mais óbvia para isso é que nos acostumam a não ter coragem de partir rumo a nossa essência mais interna. Nos convencemos da enganosa superficialidade.

Estamos presos nas aparências, nas falsas ideias de si, e no desconhecimento das próprios motivações, nas invasivas percepções alheias e, por isso, trancados num desenho pré-moldado de respostas para a questão da razão pela qual estamos aqui. Desistimos das respostas antes mesmo de nos perguntar tudo.

Pensar sobre os sentidos da vida é começar a dizer a si mesmo, primeiramente, que isso tudo não é à toa, e depois, criar sistematicamente uma série de reações proporcionais as variações de senso de infelicidade.

Mas, veja bem, a tristeza é sim um elemento importante que vai nos ajudar a alinhar-se com o sentido a vida, mas a infelicidade estrutural te afastará mais ainda do motivo pra viver. Não há sentido sem dor. Simples: não há dor sem sentimento.

Os sentidos compartilhados da vida

Há muita gente reclamando da vida. E há muito do que reclamar. No entanto, quando vamos investigar a fundo o que parece ser o elemento que faz com que as pessoas andem na direção da lamúria, encontramos diversos pontos.

Precisamos nos sentir parte de algo. Por natureza, criaturas isoladas parecem ter uma predisposição maior à fraqueza. Vulnerabilidade é nosso medo.

O nosso leitor sensitivo de felicidade, especialmente na era em que vivemos, se localiza na mais abrangente experiência de compartilhar.

Isso fica evidente quando estamos vivenciando algo que podemos dividir com outro. Em alguns episódios da vida, é essencial estar conectado com pessoas, grupos, ideias e sentimentos. O discurso da autonomia individual – um mito idolatrado pela mente pós moderna - é a febre que aponta para uma sociedade tentando ter um sentido completo apenas a partir de si.

Um leitor mais atento me lembrará do mencionado caráter intransferível que pontuei acima. Pois é justamente o encontrar-se que está o encontrar também o outro.

O caráter compartilhado dos sentidos da vida não exclui a individualidade, mas sim, completam-se em forças. Um motorista não deixa de fazer uma viagem quando está sozinho, mas quando tem uma carona, ela se torna mais interessante. A metáfora conclui.

Os muros modernos contra uma vida com sentidos

O que te arranca o desejo pela vida talvez não seja apenas um sentimento ruim, um episódio infeliz da sua vida, ou uma inconclusão sobre trechos da vida. São umas séries de coisas.

Há muitas fortalezas de pensamento que se configuram em sistemas emocionais, psicológicos, sensoriais e internos que nos empurram excessivamente para um local que perdemos a conexão com a vivência integral e nos atrapalha a ver o impacto da nossa vida num mundo gigantesco.

A incapacidade de sentir-se útil diante do mundo pode ser facilmente neutralizada com um esforço realmente impulsivo de ajudar pessoas nas suas mais diversas tarefas. Isso não só pode nos ajudar na descoberta das nossas próprias vocações como pode nos reconecta aos nossos interesses mais genuínos pela vida. Ganhar a dimensão do serviço nos coloca diante da vida com um senso de finalidade.

Há também uma grande supervalorização das emoções e uma ênfase exagerada na abundância de sentimentos positivos. Costumeiramente, essa realidade é tipificada na busca incansável pelas figuras da tríade: influência (na imagem de poder), no dinheiro (na imagem de status) e no amor (na imagem do sexo).

Não despreze mais alguns detalhes importantes

Uma outra barreira é o constante medo de se aproximar dos outros que gera uma desvalorização nas relações e nos laços mais fundamentais.

Temos a sensação de que somos e estamos o tempo todo sozinhos no mundo e que não há realmente nenhuma realidade concreta sobre o conviver, aprofundar e entregar-se a um amor genuíno.

A falta de uma comunicação mais proveitosa em todos os sentidos gera uma quantidade enorme de desconfianças contínuas a respeito da vida, do outro, dos ambientes mais próximos e do mundo como uma grandiosidade.

A ausência de introspecção resulta na mentalidade de manada e na extinção da busca pelos próprios talentos autênticos. Pensamos ser imprestáveis.

Em um mundo que há preocupação exagerada com o dinheiro, ser útil quer dizer ser lucrativo, e isso, significa não ter tempo para educação emocional, para desenvolver habilidades sociais saudáveis frente às comunidades.

Nos tornamos um tipo mais honesto de sobreviventes de um desastre que nos tornou apenas uma vaga existência cumprindo as demandas urgentes da vida.

Para que possa reaproximar dos sentidos da vida, temos que aprender a honestamente avaliar cada ponto e criar um plano de contingência capaz de nos alavancar para fora do modelo convencional de vida medíocre.

Ou é isso ou aceitamos experimentar a tragédia da morte ainda vivos. E nada mudará nunca. O que te mata não é só um coração parado, mas um coração sem combustível.

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